Capítulo 1
Aqueles que preparam o
Futuro
Existe uma grande História Oculta, escrita por “Aqueles que preparam o
Futuro” da Terra. Esta História abrange muitas escalas evolutivas e vai até os
planos cósmicos, com a promessa de sequer se deter ali...
Não é fácil saber exatamente como tudo começou, e mesmo a Ciência ainda
não alcança dar uma palavra final sobre o assunto. Existem amiúde lacunas
especiais na compreensão da Ciência, a respeito de certos saltos que a evolução
humana dá, especialmente em termos culturais.
Contudo, a Tradição de Sabedoria das Idades, e também o acervo intuitivo
direto dos místicos, sugerem ter havido uma grande Intervenção a dada altura da
evolução humana, justamente quando o ser humano se emancipou das “trevas” da
animalização, de modo a não ter havido “perda de tempo” algum neste processo.
Também é perfeitamente possível dizer que, antes disto, já havia cultos
e religião, como se começa a comprovar através dos -sempre difíceis-
descobrimentos da ciência da Paleontologia. E que a religiosidade hoje
praticada é apenas aquela forma espiritual própria do homo sapiens em
suas próprias particularidades, na qual às vezes também se entrevê fortes
indícios de cultos primitivos. No futuro, haverá outras formas de
religiosidade, mais voltada para o ecumenismo e a noção superior de
Civilização.
De qualquer forma, apesar da exigüidade do tempo, ou até por isto, o
salto é realmente estupendo. E tudo aponta para a famosa questão da
“intervenção divina”, o que para muitos é simplesmente interferência alienígena...
Na realidade, tudo isto têm a ver com momentos-chaves da evolução cósmica,
chamados “fractais-de-tempo”, quando sínteses “homéricas” são alcançadas e
grandes saltos evolutivos são dados, certamente sob orientação superior -com ou
sem alienígenas.
A cultura humana teve início e foi organizada a partir de referências
superiores, quando a existência humana (por assim dizer) adquiriu uma dimensão
cósmica ou pode ser atrelada a ela, servindo-lhe de sustentáculo material.
Citemos a nossa obra “Vimanas - quando as Naves são Luz”:
“Não pode haver tarefa mais nobre neste mundo, do que criar os novos
passos da evolução cósmica da Terra. Afinal, é a partir destas referências
maiores que, por analogia, se gera na Terra as correspondências evolutivas:
‘assim como é em cima é embaixo’. Ou como foi dito: ‘Deus fez o homem à sua
imagem e semelhança’.”
Daí ter havido uma espiritualidade superior tão
precocemente na evolução humana, pese a ferrenha luta que desde então se trava
para preservar este bem cultural inestimável, ante todas as frentes
imagináveis. Os gestos heróicos realizados para defender este acervo cósmico
têm sido impensáveis, mas isto é essencial porque, perdida este referência ou
ancoragem superior, que é divina, tudo sobre a Terra cairia em trevas “para
todo o sempre”. Regressaríamos a uma época em que a vida do cidadão comum não
tinha quaisquer perspectivas superiores e nem continuidade cósmica. Antes de
Shambala, o homem médio vivia na ignorância espiritual, e suas poucas
esperanças de felicidade espiritual dependia das raras ajudas prestadas pelos
xamãs -os quais tampouco eram iluminados, embora detivessem poderes e
conhecimentos sobre consciência e a própria energia. Vejamos então como se deu
toda esta estupenda evolução cultural.
Capítulo 2
Como tudo começou
A História desta evolução superior tem início com a manifestação de um
ser cósmico no planeta -Sanat Kumara- e da criação de um Centro sagrado,
Shambala.
O fato de Shambala ter se manifestado apenas na terceira Raça-raiz, se
deve ao fato de que somente a partir dali, seria possível realizar o contato
com a Mônada e, através dela, com o próprio Logos. A Mônada alcança o plano
mental superior, onde já podia atuar a Hierarquia então naquela raça-raiz. Pois
a evolução hierárquica trata de contatar as altas Esferas cósmicas, e para lá
dirigir-se, sendo esta a sua missão secreta. Com a organização lemuriana, se
começou a implantar a semente de manas ou de mentalidade na raça humana
(através da chegada dos manasaputras de que fala a Doutrina Secreta),
que recém se emancipava do primitivo hominídeo, assumindo a forma mais evoluída
de homo sapiens. Assim é que os registros evolutivos da humanidade -e
aqui estamos em plano campo da Ciência-* têm uma precoce efetivação.
Contudo, tal iniciativa não sucedeu impunemente. Pois na verdade, o aparecimento
da Loja Branca se deu como um movimento de reforma cultural-espiritual tão
profundo, que chegou a ser considerada uma verdadeira “rebelião” em meio à
situação de então. Mas o novo espírito logo se apoderou de todos aqueles que
tinham o menor contato com as suas almas e, muito especialmente, da população
em geral. Pois ali estava sendo lançadas as sementes da religião universal.
O homem primitivo era brutal e cego nas suas convicções. Devido às
precárias condições intelectuais, os “iniciados” ficavam muito distantes da
humanidade média e havia uma forte segregação da massa humana das verdadeiras
coisas espirituais. Estes eram dois mundos muito apartados. Os xamãs lutavam
para evoluir e adquirir poderes espirituais, e nada mais podiam oferecer de positivo
à humanidade comum, do que as suas curas e predições. Nenhuma esperança de
“salvação coletiva” se cogitava então, e menos ainda uma “iniciação grupal”,
até a chegada de Shambala.
Então surgiu a Ordem dos Kumaras, capitaneada por Sanat, chamado “o Filho
de Vênus”, porque logo alcançou a iluminação do coração, chakra regido por este
planeta.
Era uma Ordem de Sábios verdadeiramente humanos, não somente
porque pertenciam eles mesmos à “nova” espécie dos homo sapiens, como
pelo fato de “terem um coração” e se preocuparem sinceramente com a humanidade,
tratando de auxiliá-la de muitas maneiras, inclusive levando até ela o
conhecimento em geral -originando assim toda a Civilização-, como verdadeiros
Prometeus libertadores, e dando origem àquilo que mais tarde ficaria conhecido
como “os Amigos dos Homens”. Citemos a informação dada em Os Mestres e a
Senda (Ed. Pensamento, SP, 1977. pp. 297 ss), de Charles W. Leadbeater:**
“Sua chegada teria acontecido há 6,5 milhões de anos atrás, num período
crítico da evolução do planeta, quando a humanidade ainda animalesca não
poderia progredir mais em seu caminho ascendente sem um estímulo superior que
só poderia ser proporcionado pelos Senhores da Chama, como são chamados
os Kumaras, despertando a inteligência humana (o fogo divino interior),
tornando possível para os homens trilhar a Senda oculta de desenvolvimento
espiritual. Por isso, os Kumaras são considerados os verdadeiros progenitores
da humanidade, e foram eles que teriam dado à humanidade infante as primeiras noções
de arte, ciência e conhecimento espiritual, e seriam os fundadores de toda a
vasta dinastia de santos e sábios iluminados, de todos os credos e épocas, que
já viveram sobre a Terra.”
A coisa toda foi altamente providencial, e contrastava profundamente com
as orientações de muitas daquelas poderosas ordens então dominantes, que
tendiam para a exploração humana, tendo como chefe a figura de Lúcifer, cujas
hostes consideravam os homens como “macacos” -o que naqueles tempos, na
verdade, não estava muito longe da realidade, como se percebe, e mesmo muito
depois.
De fato, não se pode pretender julgar com extrema severidade aqueles
xamãs antigos, pois muito faziam pela evolução, apenas não alcançavam eles um
degrau de compaixão, até porque não contavam com a conquista do Tempo, isto é,
com a Eternidade, através da própria iluminação. Por isto tudo é que Shambala
sempre se afirmou pelo poder, no caso, o poder espiritual, como o ioguismo de
Shiva, a justiça e a verdade espiritual.
A rigor, com exceção de Sanat, sequer os Kumaras detinham esta dádiva
maior, mas possuíam a visão do Futuro, pelo fato de se terem conectado à Mônada
e, através desta, ao Logos -e tinham um líder iluminado como nenhum outro.
Conheciam os segredos do Fogo espiritual e da Palavra Sagrada -oitavas
superiores das duas maiores conquistas humanas de então-, de modo que já tinham
muito a oferecer ao mundo.
Não obstante, a resistência era grande ante as inovações, e o atavismo
se insurgia a todo momento como ameaçador. Blasfêmia não foi a menor de suas
acusações, pois Ele ou os seus seguidores, diziam que era Deus mesmo... o que
era algo absolutamente original então. Naquela altura, o Velho Mundo estava
infectado pelo vírus do xamanismo fanático. E para evitar uma guerra civil, o
divino Legislador ordenou um grande êxodo, em direção a um novo território
virginal, ou quase, onde as novas coisas poderiam ser cultivadas em paz. Este
território escolhido foram as Américas. Basta ver a exatidão da “coincidência”
da verdadeira data da chegada de Sanat Kumara no mundo, no início do
último manvantara (ou há uns onze mil anos, em meados do ciclo lemuriano), e o
começo da grande migração havida a partir do Estreito de Bering que une a Ásia
às Américas.
E uma vez no “Novo Mundo”, as coisas já seriam bastante diferentes.
* Muitas “revelações”esotéricas ostentam véus que lhe dão uma imagem de
pseudo-ciência; contudo, o emprego das chaves corretas, demonstra que tais registros são
inteiramente verdadeiros e de fato reveladores. Pois ocultismo também é
ciência; misticismo, nem tanto.
** Wikipédia - a Enciclopédia Livre, internet (as citações dos
Capítulos seguintes são desta mesma fonte). Considerando, todavia, o caráter simbólico
das datações, uma vez que seria impossível tratar literalmente do fenômeno
humano numa cronologia de “milhões de anos”.
Capítulo 3
Shambala ou a Revelação
divina
Assim, tudo começa com Shambala e a sua Ordem dos Kumaras. Sanat Kumara
era um iluminado e assim se antecipava ao seu tempo, dando a marca que teria a
Hierarquia dali para a frente para o mundo.
Logo se daria a mudança para as Américas, preparando as coisas que
viriam, especialmente a manifestação deste Centro que intermedia entre a
Humanidade e Shambala, que é a Hierarquia -na verdade, um evento cíclico desde
então- dando um novo grande passo na aproximação da divindade com o mundo.
Desta grande mudança participaram vários povos, pois o ecumenismo também se
implantava ali. Por isto houve forte miscigenação e, em breve, o nascimento de
uma nova raça.
A chegada de Shambala revelou a paternidade divina e o amor de deus, de
modo que a humanidade foi finalmente “adotada” pelo Alto e pode ter início a
sua própria evolução espiritual.
Contudo, a missão cósmica da raça lemuriana não teve grande impacto cultural,
pois a sua hierarquia se manteve de forma discreta e atuou no próprio planeta.
O trabalho da Loja permaneceu ali secreto e restrito às novas ordens,
influenciando a humanidade de modo algo sutil para não despertar a ira dos
velhos xamãs afro-asiáticos e suas poderosas ordens, não raro ligadas aos
poderes temporais.
O culto à necromancia dominava como uma forma primitiva de religião. Os
Kumaras desejavam reverter isto em favor da verdadeira iniciação,
propondo daí a reforma dos hábitos e a disciplina, assim como a pureza do corpo
e dos sentimentos. Daí o nascimento da ioga como uma espiritualidade original,
assim como a revelação do carma e da original Lei de Talião.
O objetivo da Loja era o de afirmar a noção de Logos, de Deus ou de
encarnação divina. Esta era a maior das revelações possíveis -como ainda
hoje é-, mas na época se tratava de uma completa novidade. Apreender a noção de
Deus já era uma grande dificuldade; imaginar que ele pudesse se manifestar na
Terra então, era coisa impensável. O propósito de Shambala para aquela Loja
incipiente, era que os iniciados se afinassem com a vontade de Sanat Kumara e
que, em especial, aprendessem os caminhos do serviço na Terra. Ali começava,
pois, a nobre via dos bodhisatwas, os filhos da compaixão. O próprio
Senhor do Mundo era a revelação de um Avatar, um Bodhisatwa (que era o seu grau
na ocasião, ou a sétima iniciação), alguém que dominava todas as energias do
plano Físico cósmico.
Sanat declarou então que jamais abandonaria a humanidade, enquanto esta
dele necessitasse, em especial os seus Filhos diletos, que são os aspirantes e
os iniciados da Loja Branca, de modo que todo aquele que desse os passos
necessários, poderia ter uma visão d’Ele em certo momento e comprovar por si
mesmo a realidade da Presença, como até hoje acontece com todo aquele que
manipula o seu Corpo Causal. Pois desde então, todo o iniciado da Loja pode ter
o contato com o Senhor do Mundo, naquele plano de iniciação humana mais próprio
a cada Loja racial, de modo que todo o “ser humano verdadeiro” tem assegurada
uma visão direta de Deus. Por isto é que C. W. Leadbeater afirma que todo
aspirante em determinado ponto de sua trajetória, é apresentado a este Ser -o
que representa também uma indicação precisa do grau espiritual do iniciado. Pois
em cada raça este “ponto de contato” kumárico também avança, tal como o Corpo
causal ou alquímico de transformações também o faz. Ou seja, para conhecer
Deus, é preciso sempre avançar em cada ciclo e também se auto-transformar...
A invocação da luz superior era feita naquela época através emissão
massiva do mantra EL, que era a Palavra sagrada da raça lemuriana, cujos traços
prevalecem na ênfase deste prefixo nas línguas semitas (árabe, hebraico, etc.),
as quais são consideradas de origem lemuriana. Pode-se inverter LE-MU para EL
MU (ou El Um: “o Primeiro”, “o Único”), sendo MU chamado às vezes de a Loja ou
o Templo lemuriano -o “Templo do Sol” como também é conhecido por esta razão.
Uma configuração espiritual da Terra foi definida então, especificamente
através de três Centros: Shambala, Hierarquia e Humanidade, nos seguintes
termos, mas que doravante iria apenas evoluir:*
a. Shambala ..... 7a iniciação planetária (1o grau cósmico)
b. Hierarquia .... 3a iniciação
planetária (1a iniciação solar)
c. Humanidade . 1a iniciação planetária
Com isto, Shambala se acha quatro graus adiante da Hierarquia, e esta se
encontra dois graus a frente da humanidade (as diferenças formam uma
multiplicação). E as etapas intermediárias existentes são chamadas de “harmonizadoras
de mundos”, responsáveis então pela organização prévia da cultura da raça
seguinte.**
Assim, uma das formas de afirmar a senda superior, tem sido sempre pela
busca da visão e do conhecimento direto de Deus, pelo contato pessoal com ele,
nem que seja apenas através de sua energia e por uma visão interior durante a
meditação (portanto não-onírica), através dos dons espirituais oferecidos aos
filhos daquela raça ou, antes, dos seus sábios mais proeminentes.
A Sociedade Teosófica começou a divulgar no Ocidente informações sobre a
figura de Sanat Kumara. Segundo Helena P. Blavatsky, ele “é chamado
variavelmente de o Vigilante Solitário, o Ancião dos Dias, o Maha-Guru,
o Iniciador Único, e o Eterno Donzel de Dezesseis Anos - uma vez
que seu nome significa ‘sempre jovem’. Este personagem exerce a função de
Senhor do Mundo, líder supremo de toda a hierarquia espiritual invisível que
rege, auxilia e sustenta o globo.” (A Doutrina Secreta, vol. II. pp.
100-101, Civilização Brasileira, SP)
De fato, o Rei do Mundo tem uma aparência jovem, mas não de adolescente,
uma vez que ostenta até cabelos alvos. A designação “Kumara” (Virgem) pode ter
distintas explicações, entre elas o fato de que Shambala apareceu sob o signo
sideral assim denominado, que foi o signo de Virgo, sob o qual os
Kumaras vieram à Terra.
A Visão de Deus é uma destas realidades que marca o caminho do discípulo
e depois do iniciado, ou ainda mais -cabendo lembrar aqui do famoso evento
coletivo que é o Festival de Wesak. Sem esta revelação, o buscador teria menos
segurança da realidade da Presença divina, considerando também as correntes
céticas e agnósticas existentes. De qualquer modo, existe igualmente toda uma
hierarquia divina, e os próprios “deuses” receberão as suas revelações de Entes
ainda maiores na sua própria evolução cósmica. A Revelação é importante na
psicologia e no controle do ego; pode não ser bom que um ser sinta-se como
Supremo, mesmo sendo ele de elevadíssima evolução.
A Revelação divina é dada no campo mental, com total nitidez, como se um
portal intradimensional fosse por um instante aberto, sendo nisto importante se
estar neste momento num ambiente propiciatório e altamente magnetizado, como um
ashram ou comunidade espiritual séria. Esta informação surgiu na Sociedade
Teosófica, o que já seria uma indicação, sem querer ignorar, porém, o dinamismo
das coisas. Neste sentido, as coisas apenas começaram ali, e depois tiveram
outros desdobramentos, como demonstra o Plano da Hierarquia revelado por Alice
A. Bailey (ver nosso livro “A Iniciação da Raça”, Parte II: “O Plano da
Hierarquia”).
Adiante, daremos mais detalhes da Revelação divina.
* A múltipla classificação permite observar, na inclusão dos parênteses,
que existe uma analogia perfeita entre todas as escalas, formando “terças” de
frequência ou algo aproximado. No presente caso, trata-se do 1o grau em várias escalas.
** Ver sobre o tema em nossas obras “Antropologia Geral”, Ed. Agartha,
2008, AP, e em “Harmonização Planetária”, Ed. Agartha, 2009, AP.
Capítulo 4
Ibez ou o mergulho no Amor
Assim, a humanidade se reorganizou em novo território, as Américas,
através da medida tradicional do êxodo coletivo, que é a forma mais eficaz e
fundamental de renovar as sociedades.
A partir de miscigenações raciais e do sincretismo cultural, ela renovou
a sua face. Neste novo local foi criada então a Loja atlante de Ibez, “no
centro da América do Sul”, segundo Alice A. Bailey em seu Tratado de Magia
Branca.
Esta foi a primeira verdadeira manifestação da Hierarquia, quando a Loja
Branca pode interagir ativamente com a humanidade, sempre tratando de não
interferir diretamente nas suas coisas. Não é preciso dizer quantas
dificuldades encontrou para harmonizar uma raça dominada pelo psiquismo
tropical, o qual tratou de alquimizar através da devoção e a religiosidade, que
os povos atlantes manifestam com tanta convicção.
Ao longo das eras, alguns sensitivos têm percebido a natureza do Plano
da Hierarquia para aquele exato momento, vindo a plasmar grandes realidades,
como seriam as próprias civilizações.
Em seu próprio nível, a Hierarquia atlante alcançou uma estupenda
conquista: o acesso à iluminação real. Com isto ficava provada para os seus
mestres, a realidade da imortalidade da alma e a existência do “Mar de Fogo” no
cosmos. Não raro isto tinha um elevado custo pessoal, perto do qual os esforços
e os sacrifícios anteriores dos xamãs pareciam quase uma brincadeira de
criança. A sua ascese parecia pequena, diante dos caminhos revelados do amor e
dos sacrifícios que podia chegar a exigir. Por isto, esta iniciação foi chamada
de “crucificação”, a dádiva do Arhat (venerável) ou do cavaleiro
Rosa-cruz. Tal dificuldade se acresce em função da via direta buscada pela
Hierarquia e, sobretudo, por Shambala, porém, quando tudo isto for acessível à
humanidade (e é o que acontece doravante), então o sendeiro estará aplainado e
a conquista será alcançada coletivamente, com dor e esforço, sim, mas nada que
se compare aos sofrimentos dos mestres.
Esta iniciação é muito importante, porque coloca o ser humano frente-a-frente
com o maior dos seus inimigos: a própria morte. Este é o momento em que
ele deve realmente mostrar “do que é feito.” Se ele fez uma boa preparação,
poderá vencer a provação iluminando-se e, assim, sobreviver. Do contrário, irá
perecer ante os desafios do momento. Em muitas ocasiões, a luz apenas foi
acessada mesmo “na outra vida”, que é a da sobrevida da alma. O caráter de
“vencedores da morte” ou de “imortais”, é o grande atributo dos iluminados.
Seja como for, com a administração da iluminação, se começou toda uma
cultura da imortalidade que caracteriza as sociedades atlantes, gerando uma
religiosidade nos moldes que ainda hoje reconhecemos como válida, e através da
qual aquela humanidade teve acesso à segunda iniciação ou ao discipulado.
A um nível ainda superior, Shambala ascendeu para o Plano Astral
cósmico, que é uma oitava deste plano humano. Por isto, a Loja atlante também
teve certo acesso ao segundo Plano cósmico, para onde alcançava se projetar
astralmente pelo alinhamento existente nesta Segunda Loja hierárquica. Desde lá
emanavam as vibrações de amor eterno e contatavam as energias do Senhor do
Mundo, que nesta raça ascendera, pois, para o grau de Buda Pratyeka, a oitava
iniciação solar (ou segunda iniciação cósmica).
O quadro das iniciações dos três Centros era este, então:
a. Shambala ..... 8a iniciação solar (2o grau cósmico)
b. Hierarquia ..... 4a iniciação
planetária (2a iniciação solar)
c. Humanidade . 2a iniciação planetária
O contato cósmico da Loja era realizado pela emissão massiva da Palavra
sagrada atlante TAU, dita de forma ritmada, recordando em parte o ruído dos
tambores e, é claro, o som do coração, ou o chakra ativado pela
Hierarquia atlante. A tau é o martelo de Thor, com o qual fere a bigorna da
matéria para gerar os raios.
Os alinhamentos cósmicos deram a esta Loja grandes poderes mágicos, e
seus mestres detinham poderes astrais como a saída do corpo e levitar, fazer
curas especiais e promover navegações astrais coletivas, ocasionando a lenda
dos vimanas ou das naves espaciais, empregadas inclusive nas batalhas
espirituais sucedidas nas guerras atlantes, como descritas no Ramayana e depois
no Mahabharata.*
Para os Adeptos da Loja Branca, o próprio amor e a imortalidade eram a
grande magia, porém a Loja Negra logo se organizou passando a fomentar o
psiquismo e a difundir a sexualidade como meios pseudo-ocultistas de iniciação.
O resultado é conhecido: uma grande guerra final entre as Lojas e seus
seguidores, com o conseqüente submergimento daquela civilização, sobretudo no
esquecimento de seu antigo e temerário vigor psíquico sob as brumas do tempo. E
assim a noite regressava para a humanidade, até que um novo dia raiasse, sob os
ditames seguros do Relógio Cósmico.
* Ver sobre o tema em nossas obras “Vimanas - quando as naves são luz”,
e em “OVNS - realidade ou fantasia?”, Ed. Agartha, 2009, AP.
Capítulo 5
Aryavartha e a Grande Visão
O terceiro ciclo da Loja radicou-se no Oriente, através da Aryavartha. Não obstante, a civilização surge antes, como uma
adaptação atlante no Egito, e se espalha dali pelo Médio Oriente até alcançar a
Índia.
Durante toda esta nova raça, a Loja Agartha tratou de difundir a
iniciação solar para a humanidade que estivesse preparada, ao passo que emergiu
ela mesma na gloriosa forma dos Adeptos-de-quintêssencia, que davam sustentação
intelectual para o ideal civilizatório “pleno” e buscavam contatar eles mesmos
o Plano Mental cósmico.
Nesta raça, Sanat Kumara ascendeu mais um degrau cósmico, tornando-se um
Buda Manushi ou Humano, correspondente à terceira iniciação cósmica.* Toda esta
situação era realmente algo muito especial, pois definia triangulações
em todas as esferas. O triângulo é uma importante forma operacional e simboliza
sínteses e alinhamentos. Também aconteceu aqui a conexão com o Futuro cósmico
da Terra, na forma da ronda vindoura, a Quinta, possibilitando à Loja plasmar
aquelas idéias mais gerais de Civilização.
Considerando este quadro de manifestação, podemos dizer que, tal como
Shambala se manifestou na terceira raça-raiz e a Hierarquia se manifestou na
quarta raça-raiz, a verdadeira Humanidade, como um pólo iniciático-espiritual
ativo, por sua vez se se manifestou na quinta raça-raiz.
O quadro das iniciações dos três Centros nesta raça era, então, o
seguinte:
a. Shambala ...... 9a iniciação
planetária (3o grau cósmico)
b. Hierarquia .... 5a iniciação
planetária (3a iniciação solar)
c. Humanidade . 3a iniciação planetária (1a iniciação solar)
A visão divina era dada então com toda a nitidez, no campo mental do
iniciado, durante as suas práticas de meditação, e geralmente no ambiente
“magnetizado” de algum ashram espiritual. Muitas gerações de videntes têm
ajudado a plasmar a “imagem de Deus”, ou melhor, a revelar a sua representação,
aqui e ali, apesar de se saber que “Deus não tem forma”, naquilo que vem a ser
um Mistério especial que os iniciados devem solucionar.
De fato, isto acontecia então na terceira iniciação, chamada “a visão”,
a iniciação solar, doadora de clarividência, no grau Hamsa (cisne) ou anagamim
(“aquele que não mais retorna”), mestre-instrutor, etc. Corresponde à
iniciação do chakra Manipura, ou o plexo solar, através do trabalho mental
criativo com energia pura e (atualmente) a recitação do Palavra Sagrada “árya”,
o OM.** O mesmo mantra, recitado coletivamente, dá acesso ao plano mental
cósmico para fins de invocação da luz.
Contudo, tal coisa correspondia à presença do corpo causal no terceiro
plano de consciência (o mental) durante a vigência da raça árya, razão pela
qual a visão-de-Deus deveria ser buscada através da meditação.
Segundo Leadbeater, a visão que o iniciado tem de Sanat Kumara, é aquela
“de um ser de aspecto extraordinariamente belo e majestoso, do qual emana
tamanha aura de poder, antigüidade e onisciência, ainda que aparentando ser um
jovem, que muitos não suportam a visão, como teria acontecido com a própria
Blavatsky.”
Esta é uma descrição eloqüente, embora parcial. Muitas vezes o Rei do
Mundo também trata de conter o seu esplendor, para não prejudicar ou assustar o
vidente (mais ou menos como fez Krishna com Arjuna). Aquilo que necessita, é
apenas dar uma revelação da sua Presença, um testemunho de sua Vigilância e um
sinal do Eterno.
Acrescentamos que a sua aparência física é notável e emana uma imensa
harmonia. Tem cabelos brancos ou prateados que contrastam com a pele de tom
cobreado, embora a face não denuncie qualquer traço de idade avançada
-dir-se-ia aparentar uns 36 anos. Costuma vestir um manto de lã branca, dando
ao conjunto um aspecto impressionante e harmonioso, que desperta respeito e
inspira a reverência.
O rosto é um pouco largo, não demais; inspira robustez como o restante
do corpo. O nariz é reto mas não muito alto. É uma face que sugere, na
realidade, uma síntese de biotipos raciais, e tal coisa já pode trazer pistas
da sua origem -a palavra “atlante” vem à mente, embora se diga que ele “veio de
Vênus”, que sabemos se tratar de uma alusão simbólica, mas com certa relação
venusiana.
Aqui ter-se-ia, não obstante, um possível mistério, uma vez que, quando
pensamos nos biotipos lemurianos, vem à mente a cronologia da época, que é a do
homem de cro-magnon ou mesmo os tipos negróides. Sucede, porém, que Sanat
Kumara teria tomado alguma encarnações até afinar o seu biotipo e chegar ao que
considerasse ideal, afinal ele também tem evoluído em suas iniciações cósmicas,
e a forma física que detinha lá no início, difere naturalmente da atual -agora
que ele começa, inclusive, a se preparar para abandonar o seu posto, na
liberação de seu antigo compromisso com a Terra.
Podemos até considerar que ele represente realmente uma síntese de
biotipos, e que seja detenha protótipo não só racial, como os teósofos afirmam
de um Manu, mas também um modelo universal único, e cada vez mais.
Ainda assim, tais formas físicas sofreriam uma misteriosa origem ou
influência espiritual. Citemos: “Segundo a Teosofia, o corpo físico de Sanat
Kumara e o de seus auxiliares diretos, ainda que tenham forma humana, não são
corpos naturais, como o são os corpos humanos, mas sim foram criados
voluntariamente através de seu poder espiritual para habitarem neste planeta, e
não sofrem corrupção, não necessitam de alimento e nem envelhecem.”
Se acreditamos naquilo que se diz sobre Babaji ou acerca de certos
feiticeiros atlantes semi-imortais capazes de mudar de formas “a seu
bel-prazer”, então não há porque duvidar também destas metamorfoses místicas e
do poder de auto-preservação e até de auto-geração dos Altos Iniciados.
Já a Loja Negra, sempre tratou de desenvolver os seus próprios métodos
de sobrevivência, que podem chegar a incluir a revivificação de recém-mortos,
como se relata amiúde dentre as técnicas tibetanas.
* Isto é sempre análogo à situação dos dois outros Centros, pois a
Hierarquia está aqui na terceira Loja (embora corresponda à sua quinta iniciação)
e a humanidade na terceira iniciação, a mesma que começou a Hierarquia na
Lemúria. Ver também o quadro a seguir.
** Para maiores detalhes técnicos, ver nossa obra “Magia Branca &
Teurgia Oriens et Ocidens”, Ed. Agartha, 2007, AP.
Capítulo 6
Telúria e a consumação
Eis que chegamos aos tempos atuais, estes que demandam uma renovação e
um avanço na espiritualidade mundial.
Doravante Sanat Kumara ascenderá para o quarto Plano cósmico,
tornando-se um Dhyani Buda, e a hierarquia terá a sua sexta iniciação solar,
tornando-se Chohan (“Senhor” em tibetano) e se preparando daí, para as
vias cósmicas de evolução superior.*
Já a humanidade de Telúria (América do Sul) poderá ter enfim, ela mesma,
acesso à iluminação e à imortalidade da alma, através da quarta iniciação, já
sem as dificuldades habituais deste processo quando ocorria nas esferas da
Hierarquia ou de Shambala, uma vez que os métodos humanos são mais suaves, pese
as crises planetárias que se avizinham, como sempre fazem para prover a
iniciação racial necessária, e que representa também naturalmente a colheita de
seu próprio carma-de-evolução.
O quadro das iniciações dos três Centros nesta raça será, portanto, o
seguinte:
a. Shambala .... 10a iniciação planetária (4o grau cósmico)
b. Hierarquia .. 6a iniciação planetária (4a iniciação solar)
c. Humanidade . 4a iniciação planetária (2a iniciação solar)
A nova Loja chama-se Albion, inspirada na Loja-menor céltica, e tratará
de fixar as suas metas especialmente no plano cósmico onde Sanat Kumara ancora
atualmente as suas energias.
Atualmente, como já informava Bailey, o corpo causal se encontra um
plano acima, no plano búdico ou intuitivo, em função da implantação da sexta
raça-raiz. Por esta razão, a visão-de-Deus também deveria ser buscada ali,
doravante. Com isto, já não basta a meditação e o trabalho da energia mental,
mesmo superior: é preciso estar às portas mesmas da iluminação. Em termos calendáricos, a quarta raça humana inicia agora
em 2013, segundo a cronologia maia-nahua. Para os hinduístas, as datas seriam
semelhantes. Tem começo, com isto, a cultura do fogo e da imortalidade em
escala planetária. Ver mais em “2012 - o Despertar da Terra”, Ed. Agartrha,
2009, AP.
A palavra sagrada da nova ordem é IAO u IAHO, nome do deus supremo dos
fenícios, e que significa “alento de vida”. Esta Palavra pode chegar a ser
muito esotérica, mesmo para os fins de iniciação racial. Tal como o AUM trazia
as “letras da alma”, cada uma das vogais no novo mantra indica uma energia
logóica e, indiretamente, corresponde às letras da Tríade espiritual.
De fato, isto corresponde ao mesmo IHVH (ou se se prefere, apenas a
“contração” IH ou Iáh), dito “inefável” não tanto por se tratar de uma
“profanação” nomear Deus, mas pela própria natureza desta palavra ou pela sua
forma esotérica de articulação. É o mesmo mistério que reside na idéia da
“Palavra Perdida” da Maçonaria. Mais não pode ser dito abertamente acerca deste
grande segredo da iniciação.
O trabalho desta Loja é realmente muito importante porque, se na
Atlântida os mestres alcançaram a imortalidade da Alma (coisa que a nova raça
tratará agora de buscar conjuntamente), agora em Telúria a Loja prevê a
imortalidade do próprio corpo físico... Tal coisa não está tão distante, uma
vez que os mestres alcançam realizar o “salto no infinito” e se
desmaterializar, embora talvez ainda não tão à vontade como deverá ser
doravante. Deter o envelhecimento é apenas um passo nesta direção.
Esta conquista será possível graças ao acesso total ao quarto Plano
cósmico, chamado Búdico ou “Mar de Fogo”. É ali que residem os Arquétipos
humanos e o plano de Deus-mesmo, que fez o homem “à sua imagem e semelhança”. E
“Deus não fez a morte”, dizem as Escrituras.
Seja como for, o Logos terá ali a sua nova iniciação -que já será uma
“iluminação cósmica”- e a Terra adentrará no “Mar de Fogo”, uma realidade que
não é física e nem será detectada por aparelhos humanos, a não ser os seus
resultados.
Esta será uma condição muito especial e uma grande provação para todos.
É como se kundalini fosse ascendida coletivamente, ou melhor, cosmicamente, e
já ninguém pudesse escapar desta nova freqüência. “Então haverá dor e ranger de
dentes”. Mas também, como diz o Livro do Zohar, “aquilo que será luz para uns
será chama para outros.”
Com isto, concluímos esta rápida análise das quatro raças humanas,
inclusive adentrando no seu futuro, e passamos a tratar do mesmo tema no seu
conjunto e, em especial, espiritualmente.
* O tema da ascensiologia é tratado especialmente em nossas obras “O
Livro dos Chohans”, “Merkabah - a Cúpula de Cristal”, “O Portal de Farohar” e a
recente “Vimanas - quando as Naves são Luz”, todas elas publicadas do Editorial
Agartha, AP.
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