É bem conhecida dos astrólogos a relação entre a Astrologia com a saúde. Os signos importantes da pessoa inclinam naturalmente a problemas análogos, em função das próprias energias que incrementam numa existência. O Ascendente, por ser já uma esfera mais física, traria uma espécie de predisposição crônica propriamente física, ao passo que o Sol e a Lua seriam mais aspectos agudos em relação à mente e as emoções respectivamente. Tais coisas representam porém situações mais ou menos normais, que as pessoas ainda conseguem administrar sozinhas com um mínimo de empenho e de atenção.
Fora isto é muito importante observar também os aspectos e em especial as conjunções ou os próprios stelliums (agrupamentos de planetas), porque estes tendem a atuar como complexos de energias evocativos do conceito psicológico de Jung. No caso denominaremos analogamente tal quadro como um “Complexo Astrológico”.
Um stellium representa uma poderosa concentração de energias, como uma espécie de furacão na existência do indivíduo. Este turbulento ponto cego pode se tornar então um alvo privilegiado para a consolidação de situações graves e crônicas, por ser capaz também de dar abertura para verdadeiros problemas de ordem espiritual -e sim, estamos conjeturando sobre o potencial de atrair forças obscuras obsessoras, de modo a resultar num complexo verdadeiramente desafiador.
Tal coisa poderia talvez parecer transcender a
esfera da Astrologia, e no entanto tudo isto está notoriamente relacionado.
Afinal tratar de saúde espiritual não tão diferente assim de trabalhar com a
saúde física; a não ser em termos de metodologias, ou até nem tanto.
O grande dilema do “amadurecimento” deste ponto crítico de um horóscopo, através da problemática espiritual, é que ele pode passar a ser incorporado à própria personalidade do indivíduo, pois se começa a confundir o que é seu e o que não nos pertence de fato. Tal coisa também é possível porque a obsessão pode conferir certo poder para algumas coisas, enquanto retira ainda mais a energia de outras.
Estas energias até podem ajudar alguém a fazer bem
certas coisas (ao menos em termos de eficiência), mas elas também levam
descontroladamente a excessos e a exageros -para evitar usar aqui palavras mais
fortes, inclusive clínicas. O exagero já era considerado pelos gregos -na forma
da famosa hybris- como a grande
síntese dos desvios comportamentais humanos, porém podemos dizer que em boa
parte ele também é influenciado pelo processo da obsessão.
Tal exagero ou desequilíbrio também encontra
expressão natural no campo social e claro nos próprios mitos tradicionais, com
destaque para o do dilúvio. Um modelo político-econômico expansionista costuma
estar relacionado a tal, contrastando assim entre culturas espirituais contidas
e culturas materialistas expansivas. Consciência planetária e globalização não
são apenas conquistas da virtude humana, pois representam também riscos de
idênticas proporções. Certamente a ideia de dilúvio e de “fim de mundo”
encontra-se diretamente relacionada ao domínio desta mentalidade materialista, que
desgasta a Natureza e desequilíbrio a ordem social local e planetária.
No caso do indivíduo, o problema começaria já na infância da pessoa naturalmente -considerando que o horóscopo representa o mapa do nascimento-, e se agravaria com o passar dos anos, especialmente caso a pessoa ou a família não se esforcem para tratá-lo, até que resulte um complexo consolidado e um traço de personalidade assumido. Teoricamente o stellium poderia indicar um potencial especial a ser desenvolvido, ou uma forte energia a ser canalizada de forma criativa, porém isto nem sempre acontece a tempo, por uma ou por outra razão, e então esta energia pode se tornar mórbida e criar agravantes. Com isto não estamos dizendo que a própria Astrologia seja um instrumento vital e necessário, e sim que a capacidade de observação e o acompanhamento devido são importantes.
Solucionar este quadro naturalmente resulta também
desafiador, e tanto mais quanto passe o tempo, até porque o tempo pode ser um
elemento importante para a obtenção das respostas necessárias. Provavelmente a
psicoterapia ou a psicanálise -já que mencionamos Jung- podem dar a sua
contribuição.
Desde logo, porém, podemos buscar lançar mão de
certos recursos que a própria Astrologia tem a oferecer, como é o conhecimento
do Princípio de Luz e Sombra, ou seja: da busca do equilíbrio das energias. Tal
coisa representaria uma verdadeira panacéia para os desafios astrológicos em
geral e, porque não, para os mais graves e especial.
O que representa afinal um Complexo Astrológico?
Significa uma região do horóscopo que recebeu tanta luz que chegou a cegar o
indivíduo, tornando-se como um ponto cego que não admite um olhar isento sobre
a situação. Por isto ele pode necessitar de uma ajuda externa para perceber
melhor o quadro.
Posto isto, a Doutrina de Luz e Sombra sempre
ensina a olhar para a energia oposta em busca de um maior equilíbrio. E no caso
de um Complexo Astrológico, parece não haver outra saída senão dar também muita
ênfase a tais energias contrárias às do próprio Complexo. Então aqui já pode
haver um caminho, uma luz para seguir.
LAWS