Nanahuatzin, aquele que se tornou “o Quinto Sol”
Conhecer o exato conteúdo das profecias trazidas à luz no ano de 2012
pelas tradições maias e nahuas, é coisa difícil e desafiadora, dado que estas
culturas estão adormecidas há séculos, e ademais muitos dos seus registros
foram impiedosamente destruídos pela mão do fanatismo cristão.
Contudo, num esforço de síntese e de “arqueologia da cultura”, podemos
ainda lançar muita luz sobre todas estas previsões. Assim, existe uma palavra
central que serve de elo para todas estas coisas, porque resume os seus mitos e
profecias. Esta palavra é “Sol”, termo muito versátil para designar várias
coisas, como dia, homem, ano, era (solar) e até... Deus mesmo (o messias)!
As profecias reunidas, permitem dizer que o 2012 traz o Sexto Sol ou a
Sexta Era solar, dos ciclos de 5,2 mil anos que correspondem aos grandes
períodos culturais e sua civilizações, ou às raças-raízes da humanidade nos
termos teosóficos.
O termo “Sol”, além e fazer alusão a um ciclo, também remete a uma
essência espiritual. De fato, existe a expressão desta essência, naturalmente,
através do advento de um “Sol” espiritual, que é o messias, o avatar, o buda
aguardado, capaz de trazer a renovação das energias e dos saberes.
É justamente nisto, pois, que encontramos as duas pontas do novelo,
permitindo atar os nós dos mistérios do tempo. Inicialmente, os mitos
ancestrais dizem que o Quinto Sol foi aberto através de uma avatarização,
realizada no contexto geográfico de Teotihuakan, no ano de 3113 a.C.*
E então, na outra ponta do laço do tempo, sucedeu que neste ano de 2012
os detentores dos registros arqueológicos do Museu do México, trouxeram à
público as inscrições relativas a nova data, falando justamente da vinda de “um
grande senhor celeste” nesta ocasião.
Aqui nos encontramos, pois, no contexto da velha profecia sobre o
retorno de Quetzalcóatl/Kukulkan, que alguns associaram à chegada dos missionários
cristãos ao Novo Mundo.
Porém, o que ocorre exatamente na criação do Quinto Sol? Analisando os
mitos, vemos que na ocasião da sua ascensão como “Sol”, Nanahuatzin era um
adulto e inclusive já um “homem de chagas”, dito “o esfolado”, seguramente um sobrevivente
de graves provações iniciáticas. Podemos dizer, tranquilamente, pois, que a sua
transformação no planeta Vênus, é como a ascensão do Cristo após a sua
crucificação iniciática.
Outro mito conhecido, afirma que Quetazlcóatl fez a sua “passagem”
(faleceu) aos 52 anos de idade, incidindo tal coisa no cânone do “Fogo Novo”,
como expressão do Microcosmo.
Assim, provavelmente a verdade final surja de uma combinação de todas
estas informações. E tudo isto apenas corrobora uma tradição universal, de que
a presença no avatar neste momento crítico da transição dos tempos, serve para
ilustrar a forma como o Sol atravessa a linha do horizonte, para definir o
momento exato da passagem da noite para o dia, ou das trevas para a luz.
H. P. Blavatsky era enfática quanto à biografia de Jesus fazer alusão a
um mito solar, inclusive depreendido do culto a Mithra, cuja data de nascimento
–o Natal e sua acepção solsticial- foi aplicada ao Cristo. O culto solar
representa a primeira teologia egípcia, remontando à época do surgimento do
Quinto Sol nahua, a qual equivale ademais à da morte de Krishna, em 3102 a.C.
Os
primórdios da cultura egípcia remontam ao século XXXIV a.C. O próprio registro
judaico do tempo, que começou na Criação, não dista disto, estándo datado em 3761 a.C. As
primeiras dinastias egípcias começam no século XXXII a.C., quando se realizou a
unificação dos reinos do Norte e do Sul. Porém, os seus grandes impérios
parecem estar regulados por uma estrela que teve muito destaque naquela
cultura, Sothis (Sírio), simbolizando Ísis e pontuando vários calendários
egípcios (como também fazia com os ciclos maias-nahuas).
Associados ao mito da Fênix de transformação e renovação das
civilizações, os ciclos sóticos possuem 1461 anos, coincidindo com o começo do
Império Antigo (2755 a.C.), que de início construiu as grandes pirâmides e
implantou a teologia solar no Cairo (a On egípcia, depois Heliópolis,
consagrada a Aton, o Sol), e depois do Império Novo (1570 a.C.), que contou com
a figura solar de Akenaton nos seus primórdios. O marco sótico seguinte, incide
na época do Cristo, quando a ptolomaica Cleópatra encerra as dinastias
egípcias; o momento posterior, recairia na Descoberta das Américas. Estes dois
últimos ciclos, ocorreram na Era de Peixes, cujas energias passaram distante do
espírito de síntese da Antiguidade.
O mito solar é um mito fundador de síntese e de unificação, e foi um
intento do faraó-profeta Akenaton, na mesma época de Abrahão, propor um mito
unificador e original, que na verdade soa mais sólido nas fundações raciais do
que na abertura das Eras astrológicas, como seria o caso em questão.
Assim, o Sol tem representado sempre a presença divina sobre a Terra,
porquanto representa a única luz que brilha sobre todos indistintamente, ainda
que a figura histórica do messias aparece apenas vez por outra, demarcada a sua
aparição rigorosamente pelos ciclos do mundo.
* Claro que
isto representa uma curiosidade, posto que Teotihuakan pode ter surgido, quando
muito, ali pela época do Buda Gautama, no século VI a.C., que é a metade deste
período total, mas também um momento de aparecimentos divinos – porém, este é
um detalhe secundário, uma costura mítica qualquer. Aliás, as figuras de Buda e
de Quetzalcóatl, apresentam muitos traços em comum, pois o termo “Buddha”
nomeia o planeta Mercúrio na Índia, e a Serpente Emplumada é o mesmo caduceu
mercurial.
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